O Tarot (Tarô, tarocchi, tarock) é um dos métodos divinatórios mais conhecidos e difundidos um pouco por todo o mundo (Alemanha, França, Hungria, Itália, Áustria, Portugal, Suíça, Índia, Egipto, China).
No entanto, nem sempre esteve ligado ao esoterismo, à cabala, às artes divinatórias! Do século XV até aos inícios do Século XVIII, era usado como um jogo de cartas normal, que servia para entreter os senhores mais ricos.
Este jogo surgiu na Itália, por volta do século XV, como já foi dito. Quem o criou é uma incógnita, se já havia antes desse século e noutro sítio é outra coisa desconhecida, mas especulações e teorias há muitas!
Também não se sabe qual a origem da palavra “Tarot”, acredita-se que vem da língua árabe (“turuq” - "quatro caminhos"; ou ainda do árabe “tarach”- "rejeito".) ou da palavra francesa “tarot “ que vem do italiano “tarocco”, derivado da palavra “tara”, que significa "perda de valor que sofre uma mercadoria; dedução, acção de deduzir".
Ao longo da História, surgiram vários baralhos de Tarot, os mais conhecidos talvez sejam os Tarot de Visconti Sforza e o Tarot de Marselha, que apesar de a imagem ser diferente, os símbolos, nomes e o número de cartas era o mesmo.
Com os passar dos anos, o Tarot passou a ser utilizado para fins divinatórios, “ler a sorte da pessoa”, como diziam outrora. E foram-se criando outros tipos de tarot’s, com cartas diferentes, especificidades diferentes, métodos e números de cartas distintos, como é o caso do tarot de Madamoiselle Le Normand (a vidente pessoal da primeira esposa do Napoleão I), e outros como: o tarot italiano, cigano, egípcio, mexicano, tibetano, de Kalachakra (situada na índia), dos Peles Vermelhas (índios), chinês, o romântico, o de Fátima, o da Natureza, o dos Anjos, o Kármico, o método de S. Cipriano, o do livro do destino, o de Paracelso (alquimista e ocultista), de Nostradamus (vidente e astrólogo), entres outros.
Um clérigo protestante suíço e maçom, Gébelin, afirmava que o nome "tarot" era originário das palavras egípcias “tar” (que significa "rei, real") e ro (que quer dizer "estrada"), logo o tarot representaria o "caminho real" para a sabedoria e espiritualidade. Isto porque os ciganos, que foram os primeiros a usar o Tarot para fins divinatórios e até se crê que tenham sido eles a trazerem o Tarot para a Europa (segunda outra teoria que subistitui a de ter sido criado em Itália), eram descendentes dos antigos egípcios (daí a semelhança das palavras “gypsy” e “Egypt”, em inglês).
Nada ficou provado ainda: nem a descendência egípcia dos ciganos, nem se foram mesmo eles a introduzirem o tarot na Europa, mas sabes que eles já usavam cartas (o chamado tarot cigano) para “ler a sorte”.
Algo interessante, e por onde Gébelin se pode ter baseado, é que o Tarot, de acordo com a prática ocultista, identifica-se com “O Livro de Toth”, um livro Egipto.
Um Baralho de tarot é composto por 78 cartas, ou os chamados arcanos (que significa “mistérios ou segredos por desvendar”).
Dessas 78, 56 são chamadas de arcanos menores (um conjunto de quatro naipes: de ouros, copas, paus e espadas) que auxiliam a interpretação dos arcanos maiores, servem para dar forma às ideias contidas nos arcanos maiores. Sendo assim, temos: o naipe de ouros identifica-se com elemento terra, logo, com o plano material (profissão, vida financeira, estudos, ambições, esforços); o naipe de copas corresponde ao elemento água e, portanto, aos sentimentos, ligando-se o símbolo da taça a este naipe, por representar o receptáculo das nossas emoções; o naipe de paus relaciona-se com o elemento fogo e está ligado ao fazer, á criatividade e às mudanças e, por fim, o naipe de espadas representado pelo elemento ar e que se relaciona com a mente o pensamento.
As outras 22 cartas são chamadas de arcanos maiores e indicam ideias latentes, caminhos possíveis de seguir na vida, a saber:
0 – O Louco/ Bobo – Inocência, ingenuidade, procura de algo, aventura, seguir o “rumo da maré”, liberdade, originalidade. Invertido: raiva, delírio, imaturidade, loucura, irresponsabilidade, desvio do seu caminho;
I – O Mago – Conhecimento, equilíbrio, inteligência, determinação, luta, concentração, projectos, tentativa de estabilidade. Invertido: Inexperiência, falsidade, agitação, instabilidade, fingir aparências, falta de ambições, mentiras e enganos;
II – A Papisa/ Sacerdotisa – intuição, conhecimento oculto, mistério, segredos, necessidade de “um braço direito”, crescimento espiritual. Invertido: presunção, superficialidade, materialismo que se sobrepõe ao plano espiritual, inimigos, poderes ocultos que afectam a pessoa;
III – A Imperatriz – Determinação, poder feminino, necessidade de dizer aquilo que pensa e sente, de impor limites e regras, cultura, crescimento de projectos. Invertido: orgulho extremo e arrogância, tentação pela vaidade e materialismo, sentimento de humilhação ou de estar dominado por algo ou alguém, excesso de autoridade;
IV – O Imperador – poder masculino, determinação, necessidade de impor limites e regras, domínio, estável plano material, poder. Invertido: abuso de poder, ciúmes, arrogância, impulsividade, severidade e autoritarismo;
V – O Papa – Sabedoria, humildade, união, reconciliação, meditação, necessidade de observação e análise das pessoas que tem à sua volta. Invertido: hipocrisia, falso guru, descrença, desconfiança, preconceito, divórcio, conflitos internos e externos;
VI – Os Enamorados/ Namorados/ Amantes – união, amor, harmonia, amizade, equilíbrio, estabilidade, discernimento, altura de tomar decisões, sedução, atracção, cumplicidade. Invertido: traição, indecisão, instabilidade, separação, conflitos, dúvida;
VII – A Carruagem/ O Carro – Mudança, transformação progressiva, viagem, busca do equilíbrio mental e físico, dinamismo, esforço, prova, triunfo, caminhada espiritual, decisão firme, tomar um caminho e seguir em frente convicto. Invertido: obstáculos, fracasso, desvio do caminho, indecisão, insegurança.
VIII – A Justiça – honestidade, imparcialidade, recurso à lei, virtude, união de opostos, reconciliação, amabilidade, dignidade, reflexão antes de se tomar decisões. Invertido: falta de princípios, egoísmo, injustiça, parcialidade, falta de harmonia, desequilíbrio;
IX – O Eremita/ Ermitão – Reflexão, Sabedoria, inteligência, auto-controlo, discernimento, autonomia, necessidade de isolamento para reflectir e decidir sobre caminhos a tomar, procura do seu “eu”, auto-confiança, disciplina, prudência, vigilância, ciências ocultas. Invertido: solidão, carência, pessoas sente-se perdida, há que fazer sacrifícios;
X – A Roda da Fortuna – necessidade de mudança, de repensar, relacionamento com os outros, procura da estabilidade. Invertido: conflitos com outros (não pode agradar a “gregos e troianos”, instabilidade, oscilação de humor, fora de controlo, má fase para mudanças ou mudanças negativas;
XI – A Força – força, coragem, iniciativa, altura de pôr projectos em prática, vontade de viver, domínio e segurança em momentos de crise e do campo espiritual e material, sexualidade, deve aprender a dominar a força interior e exterior. Invertido: disputa do poder, vicio, falta de auto-estima e de auto-confiança, desvario, ambição desmedida, enfraquecimento e falta de controlo sobre a vida e sobre os planos material e espiritual;
XII – O Dependurado/ Enforcado – Vencer obstáculos pelo esforço, assuntos pendentes por resolver, procura da paz de espírito, sacrifício. Invertido: engano, incapacidade de resolver certos “fantasmas do passado”, perda;
XIII – A Morte – transformação repentina, fim de um ciclo, início de outro, transição, necessidade de aceitar as mudanças involuntárias da vida e acontecimentos súbitos. Invertido: tristeza, melancolia, recusa de mudanças, estagnação, mudanças negativas;
XIV – A Temperança – procura da estabilidade, necessidade de equilibrar a razão com a emoção, união, rejuvenescimento, paciência, coordenação. Invertido: insegurança (que deve ser ocultada), desequilíbrio, negligência, indecisão;
XV – O Diabo – a pessoa está presa por algo ou por alguém, dependência, magia negra, doença de alguém próximo ou da própria pessoa, auto-destruição, caos, fatalidade, destino 8bom ou mau), materialismo, perversão, paixões erradas, traições, percepção do lado negativo próprio e dos outros. Invertido: más influências, maus caminhos, egoísmo e tudo o que foi dito sobre esta carta extremamente negativa;
XVI – A Torre – más influências, ruína (no entanto há a esperança de recomeçar e de libertar-se das amarras que o influenciam) depressão, catástrofe, intolerância, arrogância, necessidade de seleccionar as pessoas que estão à nossa volta, pois podem-nos influenciar negativamente. Invertido: projectos fracassados, destruição e tudo o que já foi dito;
XVII – A Estrela – sensibilidade, fragilidades que devem ser ocultadas para os outros não se aproveitarem, inspiração, amor correspondido, boa saúde, esperança, sonhos, construção de projectos, perspicácia, ajuda inesperada que o orientará, flexibilidade, boas energias. Invertido: pessimismo, arrogância, desilusão, resignação, saúde frágil, descoberta das suas fragilidades, oportunismo, corrupção e intrigas, abandono, desorientação;
XVIII – A Lua – sensibilidade e fragilidades (não deixe que os outros se aproveitem dos seus pontos fracos), consolidação de um amor já existente ou procura de um novo, necessidade de estabilidade, bondade, simpatia, intuição. Invertido: impulsividade, traição, egocentrismo, carência que leva ao desequilíbrio;
XIX – O Sol – altura para pôr projectos em prática, sucesso, abertura de caminhos, entusiasmo, encanto, realização no plano material, afectivo e profissional, satisfação, energia, vitalidade, idealismo, paixão, alguma inocência. Invertido: falta de originalidade e de senso crítico, arrogância, insegurança, fracasso, falta de energia, cansaço, melancolia.
XX – O Julgamento – ultrapassagem, transformação, altura de tomar decisões, despertar de capacidades latentes, recomeço, separação do passado e do futuro, a pessoa vai “colher os frutos que plantou” (bons ou maus), perdão, possível união. Invertido: más decisões e maus caminhos, arrependimento, desilusão, desgostos, desunião, separação.
XXI – O Mundo – sucesso, harmonia, equilíbrio, relações com os outros são favorável, perfeição, unidade, compreensão, elevação, felicidade, sentimento de satisfação plena, inicio de um novo ciclo (simbolizado pelo Louco, a carta 0, ou seja, o início de uma nova caminhada). Invertida: fragilidade, conflitos, fracasso, inércia, egoísmo, pontos de vista restritos, falta de ambição e de viver, preconceitos, necessidade de isolamento, medo de entrega, de amar e de viver.
Um dos métodos mais conhecidos de lançamento de cartas de Tarot é o chamado “Cruz Céltica”, em que se usa 10 cartas, cada uma numa casa particular, ou seja: a casa número 1 - indica o presente da pessoa, a casa 2 - os obstáculos e distracções, a número 3 – o motivo da pergunta ou o porquê de fazer aquela sessão, o que pretende a pessoa, a 4: o passado, 5: possíveis desenvolvimentos, 6: futuro, 7: relaciona-se com a casa 3, completando-a, 8 – como a pessoa, a sua personalidade e o ambiente em que se encontra é percebido e pelos outros (não quer dizer como a pessoa seja realmente, mas como os outros vêem), 9 – medos e receios e, por último, a casa número 10 – a síntese, como está a situação da vida da pessoa num modo geral.
Destaca-se ainda outro tipo de método que se baseia a dar uma resposta a uma questão específica feita. Neste caso, apenas se lança uma carta.
E depois, ainda há outros métodos com 15 cartas, 5 cartas, 7 cartas, 3 cartas, enfim, há variadíssimos métodos e até no mesmo método pode haver interpretações e significados diferentes na mesma casa. Isto para dizer, que desde que o fim seja o mesmo, o meio com que se usa, desde que feito com preparação e sempre direccionados para o bem, é flexível e indiferente.
Até porque os outros baralhos, de que já falámos (como o de Le Normand, de Kalachakra, etc…) tem outros métodos e as cartas outros significados!
CONSIDERAÇÕES:
- Todos os meios divinatórios não servem para adivinhar (claro que têm essa componente, quando se trata do futuro), mas servem sim para confirmar aquilo que a pessoa já sabe, ou aconselhar, orientar, mostrar os vários caminhos que a pessoa pode escolher e qual pode ser o mais vantajoso;
- É bom salientar que nós podemos ter um destino marcado, mas temo o livre arbítrio que permite alterar o nosso destino, através das nossas escolhas, pois não somos marionetas;
- Cada carta tem o seu significado, no entanto, estas podem adoptar outros significado consoante as cartas que saíram no jogo todo, as cartam que calharam á sua volta, a casa onde ficou a carta respectiva e as restantes e, por isso, o significado da carta é muito subjectivo e variável, mudando de livro para livro, de ensinamento para ensinamento, o que mais uma vez nos revela que o que importe é que no fim, tudo dê certo e que, sem dúvida alguma, tudo depende da intuição, sensibilidade e do grau de mediunidade do tarólogo e até da empatia que sente pelas pessoas que atende, já que as cartas servem apenas de intermediárias entre o mundo espiritual (dos guias espirituais e espíritos que nos ajudam) e o mundo físico, sendo os tarólogos também médiuns usam o Tarot como suporte de treino e de “via rápida” para as respostas.
- Diz-se que uma carta está invertida quando esta, ao ser lançado, se vira ao contrário (de cabeça para baixo, ou seja com o nome da carta virado para a pessoa consulta e a cabeça da figura virada para o tarólogo). Há baralhos e métodos que dizem para virar algumas cartas para baixo antes de embaralhar, no entanto, há quem embaralhe todas as cartas direitas e, por acaso, quando as abrir e as colocar nas casas certas, elas podem-se virar, quase que por acaso. E ainda acontece as cartas estarem direitas, mas o tarólogo ter a intuição de que a carta deveria ter um significado invertido, ou seja, negativo, e, então, deve a interpretar de acordo com a intuição e com o que sente.
- Por norma, costuma-se apenas utilizar os Arcanos Maiores, pois dizem o essencial. Claro que também se pode utilizar os Arcanos Menores! Não estão aqui o significado de todos os Arcanos Menores, apenas de cada naipe, para não se tornar um assunto muito maçudo.
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